domingo, 24 de fevereiro de 2008

O início


Antes de mais, endereço aqui o meu agradecimento, pela oportunidade desta viagem, à Juventude Socialista e ao PSOE.

Vivemos num tempo a que já alguns chamaram "crise das soberanias". Cada vez mais, a política doméstica de um Estado está dependente da sua política internacional e da política global, isto é, da política feita entre ele e outros Estados e da política transestadual, que atravessa fronteiras, mapas, povos.

Enquanto que alguns, tanto no campo da prática como no da teoria, insistem, anacronicamente, em considerar o doméstico, o internacional e o global campos separados, outros, numa visão mais adaptada ao fulgor do tempo, optam por uma visão que os interliga indissociavelmente, estando assim mais próxima da realidade. Neste campo é importante considerar a frase de Ken Booth de que "o pessoal é o internacional". A política não é só a acção de quem tem Poder, nem tão pouco o internacional é apenas o jogo entre os Estados.

É no sentido do descrito anteriormente que me lanço ao desafio de, sem ninguém conhecido, ir duas semanas fazer campanha para Madrid. Não só porque será uma experiência pessoal enriquecedora. Não só porque ajudará, naquilo que está ao meu alcance, a continuação da melhoria da sociedade espanhola. Mas também porque, num mundo cada vez mais interdependente, ter uma Esquerda moderna em Espanha terá necessariamente consequências em Portugal. E porque, com muitos "Jóvenes Europeos con Zapatero" juntos, conseguiremos materializar a ideia de Obama de que "together, ordinary people can make extraordinary things".

10 comentários:

Anónimo disse...

De todo, esta complexidade crescente que se faz sentir no panorama politico internacional é de todo digna de ser discutida. Afinal de contas, espero muito sinceramente que seja a nossa geração a contribuir para uma Noosfera menos "poluída".

A maior das sortes para a tua viagem, camarada de futuras lutas !

André Valentim disse...

Boa sorte! A JS está bem representada. Espero que o blog responda às expectativas.

marcos disse...

Meu caro David, desejo-te toda a sorte do mundo nesse emaranhado político complexo onde já soubeste fazer a diferença. Yes you can!

Unknown disse...

Olá David conheci o teu blog por intermédio do professor Marcos Ferreira e achei-o com boas reflexões sobre a actualidade, vou segui-lo com interesse. Boa sorte!

Bruno Julião disse...

Gostava de andar por aí. Zapatero é um político fora de série que merece o empenho de todos os jovens do mundo que se identifiquem com as mudanças de mentalidades que o seu executivo propõe para as diversas áreas. Bom trabalho e vai dando notícias.

Filipe G. Ramos disse...

Faço minhas as palavras dos anteriores. Boa sorte aí pelos "nuestros hermanos".

David Erlich disse...

A todos o meu agradecimento, espero que continuem a ver o blogue e que este satisfaça, como o André Valentim disse, as vossas expectativas.

Sempre tendo em conta que temos o privilégio de poder ver os comentários do Professor Marcos Farias Ferreira, especialista na matéria cujo interesse neste blogue muito me orgulha.

Anónimo disse...

Acho que fazes bem em ir.
Alias deves ser dos poucos que se preocupa com Espanha. Deves pensar diariamente nos problemas de Espanha, deves conhece-los ao pormenor. Deves conhecer muito bem a realidade Espanhola os seus problemas e as suas solucoes.
Agora a serio.
Considero ridiculo ires fazer campanha a Espanha.
Porque nao vives os problemas, nao os conheces a fundo. Alias acho ridiculo a JS fazer este tipo de iniciativas. Ja quando sao ca as eleicoes poucos sao os jvens esclarecidos. Como tal critico.
Mas vivemos num pais livre.
Boa Sorte!

PS-Boa Sorte para ti. Que o Zapatero nao e bem do meu agrado mas, enfim.

David Erlich disse...

Caro José Travassos,

Desculpa, mas caso o nome com que assinaste o comentário seja verdadeiro, nao estou a ver quem és - a minha memória para nomes e a minha capacidade para associá-los a caras conhecidas sao,infelizmente, diminutas.

O teu raciocínio até seria apenas um pouco errado, se aplicado ao século XII. Concerteza saberás que vivemos numa era de globalizaçao, em que inúmeras questoes políticas ultrapassam as fronteiras dos Estados. E se é verdade que sentir os problemas na pele directamente é insubstituível, também é verdade que os podemos abordar mesmo nao tendo a experïência de os viver no quotidiano, porque muitos deles acabam por ter efeito sobre nós. Mas, para além disso, é perfeitamente pertinente ter uma opiniao sobre um assunto que nao nos diz directamente respeito mesmo que ele nao nos afecte. Nesse sentido, desafio-te a seguires aquilo que disseste que eu devia fazer: sempre que te perguntem sobre a Guerra do Iraque, nao digas nada, afinal nao vives lá. Sempre que te perguntem sobre uma mulher assassinada num país do Terceiro Mundo, nao digas nada, afinal nao te afecta. Sempre que te contem que há países onde as pessoas morrem â fome, mantém-te silencioso, afinal nao é o teu país. E ditaduras, genocídios, salários indignos, escravatura moderna, trabalho infantil? Também nada deves dizer, a nao ser que aconteçam na tua zona, no teu País. Aliás, segue o teu próprio conselho e fala apenas sobre aquilo que directamente te diz respeito, já que, segundo o teu próprio raciocínio, nao podes ter opiniao sobre mais nada. E verás que terás de ficar silencioso grande parte do tempo – talvez aí verás como a tua opiniao é incoerente.

Seguindo o teu próprio conselho, nem sequer poderias fazer o que fizeste - comentar sobre a JS: usando as tuas palavras, nao a conheces a fundo nem conheces os seus problemas. Discordo de ti: por isso fala, sê livre, emite opinioes, aborda os assuntos que quiseres e até critica a JS - a JS recebe críticas com toda a normalidade, mesmo que delas discorde, já que é uma organizaçao que se pauta pela abertura e pelo pluralismo.

Criticar a JS por esta iniciativa é, pelo que expus anteriormente, próprio de uma mentalidade que nao consegue compreender o rumo do nosso Tempo, que nao consegue compreender a essência da Política.

Estou muito esclarecido sobre a necessidade do PSOE ganhar em Espanha e teria todo o prazer em debater o assunto contigo para to provar. E tens razao, há muitos jovens pouco esclarecidos politicamente em Portugal - parabéns pela humildade de reconheceres um grupo ao qual, infelizmente, aparentas pertencer. É que a atitude desses jovens pouco esclarecidos é semelhante à tua: nao participam activamente na democracia porque, por um lado, julgam que nao sao afectados por assuntos que, na realidade, os afectam, e, por outro, porque rejeitam, egoisticamente, ter opiniao sobre algo que afecte o Outro, ou a Comunidade, e nao a eles.

Obrigado pelo desejo de boa sorte, por visitares o blogue e por exerceres uma opiniao crítica sobre o mesmo. Espero que o continues a fazer, é sempre bom podermos trocar ideias.

marcos disse...

Só para ajudar ao debate, e citando Max Weber, ser neutro é já ter optado pelo lado do mais forte... Manter a neutralidade num mundo em que tudo diz respeito a todos é perder consciência, liberdade e identidade.