quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

"El País" de ontem


Diz-nos Soledad Gallego-Díaz que Rajoy nao conseguiu perturbar minimamente Zapatero mas também nao saiu derrotado claramente.

As quatro sondagens referidas no diário dao vitória apertada, no debate, a Zapatero.

É pertinente mencionar parte de uma análise de conteúdo quantitativa do debate, feita por este periódico: Zapatero disse 22 vezes a palavra "educaçao", enquanto Rajoy pronunciou-a 11 vezes; Rajoy usou a palavra "mentir" 9 vezes, Zapatero 4; Rajoy utilizou a palavra "Espanha" ou "espanhóis" 47 vezes, e Zapatero 26; o candidato do PSOE proferiu a palavra "crescimento económico 10 vezes enquanto o do PP fê-lo apenas uma vez; Zapatero mencionou a sigla "I + D + I" (investigaçao, desenvolvimento e inovaçao - cientificos-) 13 vezes, e Rajoy 1 vez.


4 comentários:

marcos disse...

Outro ponto de reflexão na análise de conteúdo do debate: Rajoy fez questão de falar da Espanha como nação e atacou Zapatero por este ter dito, há 4 anos, que o conceito de nação é contestado e contestável: uma problemática teórica com evidentes e imediatos derrames práticos na Espanha plural.

David Erlich disse...

O Zapatero disse uma verdade indiscutível, que é a da subjectividade conceitual da naçao, subjectividade essa que reveste muitos outros conceitos. Disse apenas a verdade, como pluralista que é. Rajoy prefere ser um absolutista da palavra, coisa que é habitual na sua família ideológica, ao monopolizarem, para junto do seu próprio entendimento, conceitos como a Família, o Casamento, etc. Assim, o cariz que Rajoy e o PP dao a essas palavras/instituiçoes sociais é visto, por eles, como o único possível.

marcos disse...

E diria mesmo, citando-te doutras conversas, que o absolutismo da palavra conduz, inevitavelmente, à esterilização do pensamento... Daí que a direita espanhola também não consiga vislumbrar mais possibilidades para a Espanha do que o estado culturalmente monista de outros tempos, esquecendo que a sua vitalidade e atracção passa pela sua pluralidade. Aliás, a grande proposta do PP nestas eleições é a recentralização do poder, a recuperação por parte do estado central de competências já assumidas por várias comunidades autónomas. Mas também é verdade que o PP (e os seus antecessores políticos) sempre foi muito resistente à ideia de uma Espanha das autonomias...

David Erlich disse...

Aqui ganha grande pertinência esclarecer os que menos prestam atençao à política de que dizer a "direita liberal" é enganador já que, em termos de costumes, direitos sociais e, neste caso, descentralizaçao do Estado ela pouco tem de liberal.

E, indo mais longe, mesmo na economia, a verdadeira liberdade é aquela que nao prejudica a liberdade dos outros - o cliché é pertinente. Assim, o liberalismo económico nao é verdadeiramente livre: a liberdade de um pressupoe sempre a limitacao de outro. A verdadeira liberdade é a igualdade de oportunidades. Terei oportunidade de postar um texto que abordará, entre outras, esta temática da liberdade.