terça-feira, 11 de março de 2008

Último post

Escrevo rapidamente, deixando fluir os dedos no teclado. Estou de volta a casa, após uma experiência única. À vitória do PSOE - o mais importante -, junta-se o quanto ganhei em termos de crescimento pessoal. Regressando, passei as fronteiras com a alegria de ter participado na construção de uma sociedade mais pluralista, mais livre, mais solidária.
O blogue, em si, foi algo inovador para mim - é apenas a segunda vez que mantenho este tipo de publicação. Apliquei nele grande esforço e foi com grande satisfação que vi a grande quantidade de visitas e comentários que recebeu - agradeço a todos os que, nesse âmbito, fizeram sentir a sua presença. Ainda assim, julgo que podia ter estado melhor. Só que à inexistência de um computador portátil e ao pouquíssimo tempo disponível juntaram-se problemas com a internet no sítio onde estávamos hospedados, a estupidez de um texto, sem ter sido gravado, se eclipsar do computador, e dificuldades técnicas com a minha câmara. Podia ter tido mais e melhores conteúdos. Mas não entrarei no pessimismo e na auto-flagelação: a julgar pelo número de visitas (mais de 820 visitas em apenas duas semanas), pela qualidade dos seus visitantes e pelo número e teor dos comentários, o balanço tem de ser positivo.
Cabe aqui endereçar o meu mais sincero agradecimento ao meu Amigo Professor Marcos Farias Ferreira pela participação neste blogue, dando a todos os seus visitantes e a mim, o seu autor, o privilégio de ler as suas sábias palavras.
Agradeço, novamente, a oportunidade desta viagem à Juventude Socialista, organização política à qual tenho o orgulho de pertencer.
"Boa noite, e boa sorte"

domingo, 9 de março de 2008

Zapatero e Jovens Socialistas


Uma palavra vale mil imagens

Em contextos especiais, frases simples, até banais, causam fortes emoçoes. Ontem conheci uma militante do PSOE que começara a chorar num comício quando Zapatero disse que, ao contrário de outros tempos, a Educaçao era agora para todos, pretos e brancos, homens e mulheres, pobres e ricos - o avô desta militante, operário do tempo do Franquismo, nunca teve acessso à Educaçao, e a primeira coisa que fez quando se reformou e pôde poupar dinheiro foi aprender a ler e comprar uma Enciclopédia de História Universal, porque era isso que adorava.

Nao podia haver melhor motivo para a existência desta iniciativa

"Sao socialistas nao para amar em silêncio as vossas ideias, nem para se recrearem com a sua grandeza e com o espírito de justiça que as anima, mas sim para levá-las a todo o lado"

Pablo Iglesias, fundador do PSOE
Frase inscrita nos cartoes de militante do PSOE

sexta-feira, 7 de março de 2008

De luto - campanha de PP e PSOE interrompida

Ontem de manhã cheguei a Lisboa para, nesse mesmo dia e durante o dia de hoje, assistir às conferências organizadas pela Associação Portuguesa de Ciência Política, onde participa o meu Professor e Amigo Marcos Farias Ferreira. Esta noite voltarei para Madrid de comboio, chegando amanhã de manhã.

Acabo de chegar a casa e dei-me conta do sucedido. Um ex-autarca socialista foi brutalmente assassinado pela ETA, e a campanha eleitoral foi interrompida. Tinha 42 anos, chamava-se Isaías Carrasco e terá recebido cinco tiros na nuca quando saía de sua casa.
Já uma bomba tinha explodido, há uns dias, na sede do Partido Socialista na localidade basca de Derio, sem fazer vítimas.
O terror totalitário, alheio às vontades da população e aos valores do diálogo, da liberdade e da democracia, juntou mais um nome à sua lista de mortes. É um momento de profundo pesar para todos os democratas.
Diz-nos Santiago Kovadloff: “partindo da valorização e não do desprezo, da fé em vez da incredulidade, é possível responder ao fatalismo com a esperança.” A utopia, apesar de inatingível, não é inútil, pois persegui-la de forma permanente conduz à melhoria da realidade. Fiquemo-nos por isso com o que nos disse Alexander Soljenitsine, Prémio Nobel da Literatura: “quando a mentira se tiver dissipado, a violência revelar-se-á em toda a sua nudez repulsiva e então, derrubada pela sua decrepitude, sucumbirá”.

terça-feira, 4 de março de 2008

Slideshow - o segundo debate

Acabei de colocar mais um slideshow (o terceiro), com fotos dos Jovens Socialistas europeus e espanhóis a verem o segundo debate entre Zapatero e Rajoy, entre outras.

A politizaçao da imprensa






Capas dos diários no dia seguinte ao primeiro debate:

Público: "A crispaçao faz Rajoy perder"
El País: "Zapatero ganha pela mínima"

La Razón: "Rajoy ganha a batalha da confiança"
ABC: "Rajoy ganha a Zapatero em educaçao, imigraçao, preços e ETA"
El Mundo: "Um Rajoy sempre ao ataque obriga Zapatero a refugiar-se no passado"

Todas as sondagens realizadas apontaram para a vitória de Zapatero no primeiro debate. Ainda assim, diferentes jornais apresentam, dia após dia, diferentes realidades, incluindo neste tema. A imprensa espanhola está altamente politizada, havendo uma clara oposiçao entre três jornais mais afectos ao PP e outros dois mais afectos ao PSOE. Nao só os artigos de opiniao sao diferentes; a selecçao e redacçao das notícias também. Estas estao fortemente impregnadas de adjectivos, sarcasmos, observaçoes subjectivas, longe do estilo a que estamos habituados em Portugal. Abrir um jornal é, aqui, uma experiência totalmente diferente do que fazê-lo em Lisboa. Em Portugal distintas publicaçoes retratam de forma diferente o mesmo mundo. Aqui mais parece que retratam mundos diferentes.

Artigo

Coloco aqui o artigo que escrevi para o Jovem Socialista, periódico da Juventude Socialista. Ontem saiu a ediçao em papel, brevemente estará disponível a ediçao online no sítio da Internet da Juventude Socialista. Partes importantes do artigo estao baseadas em post anterior.

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Agradeço à JS, ao PS e ao PSOE a oportunidade de fazer campanha no grupo “Jovens Europeus com Zapatero”.

Dia 9 de Março, a liberdade vai a votos
por David Erlich

Numa iniciativa levada a cabo pelo PSOE - "Jovens Europeus com Zapatero" - David Erlich está em Madrid para dar o seu contributo ao PSOE na recandidatura de José Luis Rodríguez Zapatero. Acompanha o dia a dia deste Jovem Militante da JS através do “diário” de Campanha em: www.o-dia-z.blogspot.com

Sou filho de imigrantes. Os meus pais fugiram da ditadura militar argentina em 76, encontrando em Portugal, onde estabeleceram família, a recém-nascida liberdade. Nesse sentido, sinto-me filho de Abril. Se o Estado Novo tivesse durado mais 2 anos, eu não seria quem sou, não seria português. Sou filho de Lidia Elsa David de Erlich Oliva e de Alejandro Erlich Oliva. Mas na minha genealogia entra também o 25 de Abril de 1974. A liberdade não é apenas um valor que me guia e que defendo – ela foi circunstância essencial do meu próprio nascimento.
Rejeito a noção de que a liberdade é apenas a igualdade legal/formal entre os cidadãos. A igualdade de oportunidades real, material, quotidiana, é também indissociável da liberdade. É essencial o reforço de um Estado que, não querendo comandar a vida de ninguém, ajude os desfavorecidos a poder comandar os destinos da sua própria vida. Zapatero, nomeadamente, aumentou o salário mínimo de 450€ para 600€; criou a licença de paternidade; atribuiu 2500€ por nascimento, 3500€ em famílias específicas; duplicou o investimento educativo; os cidadãos pobres isentos de IRS passaram de 5,3 milhões a 7; e o desemprego baixou de 11,06 para 7,95%.
No âmbito desta liberdade sentida na pele, abordarei a xenofobia do PP espanhol e, sucintamente, a legalização de Zapatero do casamento homossexual.
É incorrecto abordar as diferenças entre o Estado Social de Espanha e o de Portugal do ponto de vista de uma avaliação diferenciada da sensibilidade social dos respectivos governantes, já que ambos países possuem realidades económicas muito díspares. Mas no que diz respeito ao casamento homossexual – área sem custos para o Estado e que constitui um avanço em termos da igualdade de oportunidades entre orientações sexuais diferentes – nota-se a diferença entre um Governo PSOE moderno e pluralista, num contexto de polémica temática igual à portuguesa, e um Governo PS conservador nesta área e com falta de coragem política.
É com o prazer de quem acredita na multiculturalidade que vejo como mais que provável futuro presidente dos EUA um filho de pai queniano, cuja avó vive ainda numa cabana. A imigração ilegal deve ser combatida sobretudo nas suas raízes, como fez Zapatero ao duplicar a ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres, porque não favorece ninguém, a não ser os patrões exploradores. Porém, Rajoy critica ferozmente o aumento do número de imigrantes legais. Que pensarão essas pessoas (?), que trabalham, pagam impostos, têm filhos (?), que fogem de dramas, perante os quais os países desenvolvidos costumam fechar os olhos e recolher os braços, na procura instintiva de uma vida digna (?), que pensaria o meu avô que fugiu do totalitarismo soviético para a Argentina, à procura de fazer música livre – a sua arte – e não uma guerra de causas distorcidas (?), que pensariam eles, pessoas que Rajoy julga não pelo seu mérito mas por algo tão aleatório como o local de nascimento?
Rajoy identifica como causa do seu pensamento xenófobo aquilo que na realidade é uma consequência da materialização política do mesmo: 34 % dos reclusos das prisões espanholas são estrangeiros (a percentagem populacional de imigrantes é muito menor), pelo que, segundo o PP, perigo e imigração andam de mãos dadas. Ora, se uma vez que entram, o Governo do país receptor segrega, difama e não auxilia os imigrantes, é natural que a criminalidade entre os mesmos cresça, tal como aconteceria com os cidadãos nacionais do país receptor, se fossem submetidos a semelhantes condições de pobreza e isolamento. Os imigrantes não são um problema social – os imigrantes sofrem problemas sociais.
Neste sentido, é de frisar que o Governo de Zapatero aumentou em 720% o financiamento à integração dos imigrantes e que o Governo de Sócrates, com a nova Lei da Nacionalidade do PS, aumentou em 900% o número de naturalizações em 2007 relativamente aos dez anos anteriores somados. Assim se caminha rumo ao pluralismo, à justiça, à liberdade de cada um ter, cada vez mais, oportunidade de perseguir o seu sonho.
No "contrato de integração" que Rajoy propôs, a celebrar entre os imigrantes e o Governo espanhol, há uma proposta de que o imigrante se comprometa "a respeitar os costumes espanhóis". Qual a fronteira entre o respeito e o desrespeito? O emigrante português ouvir fado – será desrespeito? Não festejar o Natal, falar em crioulo – será desrespeito? E, aliás, o que são "os costumes espanhóis", ou os costumes de qualquer outra sociedade pós-industrial? O que têm em comum os hábitos de um "português genuíno" de 30 anos morador em Lisboa e os hábitos de um "português genuíno" idoso e residente em Trás-os-Montes? E, assumindo a duvidosa existência uniforme desses hábitos "nacionais", porque é que o comprometimento de respeito é apenas dos imigrantes em relação aos costumes dos espanhóis, e não dos espanhóis aos costumes dos imigrantes?
Lembro-me vagamente de ver, não sei se numa publicidade, ao vivo, num filme - a memória é imprecisa, mas as imagens que cria perduram - uma criança de dois ou três anos a abraçar um globo terrestre, mais ou menos do seu tamanho, com as duas mãos em lugares opostos do mundo e um sorriso nos lábios. O sentido da solidariedade, da integração, da partilha da essência da condição humana, são simples e totais como esse abraço. Pena que alguns, em vez da unidade na diversidade, continuem a apregoar a crispação da xenofobia.

segunda-feira, 3 de março de 2008

HOJE - DEBATE

Hoje, às 22 horas, 21 horas em Portugal, segundo e último debate entre Zapatero e Rajoy. Pode ser visto na TVE.

Nao percam!

Slideshow

Nao concordo com que uma imagem valha mil palavras - infelizmente, pois após perder tantas (ver post anterior) isso até seria reconfortante, agora que coloquei o primeiro de alguns slideshows fotográficos.

"El País" de ontem


Resultados de sondagem independente:

Intençoes de voto: 42, 9 % para Zapatero; 38, 8 % para Rajoy

“Zapatero é o candidato favorito para governar Espanha (...) mas o PSOE nao descola o suficiente do PP de forma a conseguir a maioria distanciada que os socialistas perseguem”.

“Apesar do aumento de percentagem de votos (...) dos dois partidos principais, a sua distância continua semelhante à das eleiçoes de 2004”

“O intenso combate eleitoral acordou a cidadania. A participaçao esperada, sem chegar a valores históricos, situa-se entre os 74% e os 75%. A luta entre as duas opçoes principais está a provocar também um intenso efeito bipartidário: PSOE e PP estao em condiçoes de somar nove de cada dez deputados do futuro Congresso, sem que isso permita a um deles ter a vantagem para governar comodamente”

“A uma semana das eleiçoes, seis em cada dez espanhóis continuam a pensar que o PSOE tem mais probabilidades de ganhar. Só 16 % pensam que ganhará o PP. Mesmo entre os que se declaram votantes do PP, sao tantos os que acreditam que vai ganhar o PSOE (34 %) como os que acreditam que vai ser o PP (36 %)”

“36 % consideram que Zapatero fez uma campanha melhor, frente a 22 % que pensam que foi Rajoy”

A abstençao

O jornal salienta o facto de o PSOE querer reduzir a abstençao, já que intui, apoiado em dados sociológicos, que os abstencionistas estao, sobretudo, entre o seu potencial eleitorado. O periódico refere ainda o caso muito falado do secretário de Comunicaçao do PP, Gabriel Elorriaga, ter reconhecido ao Financial Times que o seu partido levantava dúvidas sobre a economia, imigraçao e nacionalismo nao para atrair novos votantes mas sim para provocar a abstençao no eleitorado socialista. O político desmentiu, mas a jornalista confirmou.

Zapatero

“Peço aos votantes do Partido Popular que votem no Partido Socialista e que, caso nao o façam, que votem no Partido Popular, mas que vao votar”

“Sempre enfrentarei quem faça um discurso para entusiasmar as paixoes baixas, quem faça um discurso de xenofobia, porque detrás de um imigrante e antes de um imigrante há um ser humano com direitos”

“A abstençao é o voto mais triste e este é um País alegre”

“Quero ganhar com o voto da maioria, quero contar votos, nao quero ganhar, como outros, com a abstençao”

“Quem espera ganhar com a abstençao tem pouca confiança nos espanhóis, na democracia e ainda menos neles próprios”

“A imigraçao tem de ser legal e, quanto àqueles que nao venham com papéis, há que devolver e repatriar com dignidade”

“Os imigrantes sao, sobretudo, seres humanos, com dignidade, mas o PP trata-os como mercadorias e depois vai à missa”

O PP

O jornal, no fim com alguma ironia, diz que "como em todos os comícios do PP, falou-se muito da ETA, apesar de em nenhum momento para condenar ou mostrar solidariedade com os autarcas socialistas que nos últimos dias - e ontem mesmo em Tolosa e em Andoain - têm sofrido o ataque dos terroristas. Uma simples distracçao. Um esquecimento sem importância"


E tudo a opçao automática de "guardar" levou

Bem, um blogue é feito para ter uma dose pessoal, por isso partilho convosco a tristeza e o desespero que neste momento me consomem.

Estava a pensar num texto há vários dias, intitulado "contra os fatalistas da política". Ora, comecei a escrevê-lo aqui no blogue, e estava bastante inspirado, tendo corrido muito bem a escrita. Fiz uma pausa, para escrever outro post mais simples relacionado com este texto. Entao, guardei o mesmo como rascunho, apaguei-o, e comecei a escrever o tal post mais simples. Só que a opçao automática de gravaçao estava ligada, entrao este post mais simples ficou guardado por cima do meu texto!

Tentei de tudo. Já mandei uma mensagem ao centro de ajuda do blogger. Estou mesmo deprimido. Pensamento, esforço e tempo deitados fora. Estava a gostar bastante do que estava a escrever, e de repente, tudo desapareceu. E, agora, é irrepetível. Posso dizer o mesmo, mas nao da mesma maneira. Assim é a escrita - única, feita no instante. E frágil. Muito frágil.

domingo, 2 de março de 2008

Factos

Economia/Finanças

Crescimento económico: 2,9 % no primeiro trimestre de 2004; 4 % no segundo trimestre de 2007

Défice - Superavit: - 1644 milhoes de Euros em 2003; + 13662 milhoes de Euros em 2007

Fundo de reserva da Segurança Social: 15 182 milhoes de Euros em Março de 2004; 45 515 milhoes de Euros em Setembro de 2007 (superará em 2008 os 52 milhoes de Euros)

Número de cidadaos pobres isentos de IRS: 5,3 milhoes na lei de 2002; 7 milhoes na lei de 2006

Emprego

Taxa de desemprego: 11,06 % no primeiro trimestre de 2004; 7,95 % no segundo trimestre de 2007 (taxa mais baixa da democracia espanhola)

Percentagem de desempregados de longa duraçao: 35,6 % no primeiro trimestre de 2004; 24,64 % no segundo trimestre de 2007 (apenas a Dinamarca e a Suécia têm um valor mais baixo; a média da UE é de 43 %)

Percentagem dos empregos criados destinados a mulheres: 54 %

Percentagem de empregos ocupados por mulheres: 39 % em 2004; 41 % em 2007

Taxa de desemprego feminino: 14,94 % no primeiro trimestre de 2004; 10,49 % no segundo trimestre de 2007 (cada vez menor diferença entre a taxa de desemprego feminina e a masculina)

Taxa de sinistralidade laboral: 0,59 legislatura PP; 0,48 legislatura PSOE

Conflito laboral - média mensal de trabalhadores em greve: 176087 legislatura PP; 50168 legislatura PSOE

Igualdade e direitos sociais

Lei de dependencia: 1 200 000 beneficiários desta lei criada pelo Governo Zapatero, que apoia as pessoas com dependência de outra, por idade ou doença, tendo em vista a sua maior autonomia a melhoria das suas condiçoes de vida

Benficiários da licença de paternidade: 0 na legislatura PP; 119 231 na legislatura PSOE – cada vez mais homens disfrutam da primeira licença de paternidade criada em Espanha

Famílias beneficiadas pelas ajudas à natalidade: 0 na legislatura PP; 500 000 por ano na legislatura PSOE (2500 Euros por filho; 3500 Euros por filho em famílias numerosas, com filhos deficientes ou monoparentais)

Beneficiários do Estatuto do Trabalhador Autónomo criado pelo Governo de Zapatero, que melhora as condiçoes laborais deste tipo de trabalhadores: 3 500 000

Beneficiários do Estatuto dos Espanhóis no exterior: 1 600 000; os emigrantes espanhóis passam a ter um enorme conjunto de áreas em que os seus direitos, antes inexistentes, se tornam iguais aos dos espanhóis residentes no país, incluindo as prestaçoes sociais

Salário mínimo: 450 Euros em 2004; 600 Euros em 2007

Investimento na integraçao de imigrantes: 42 milhoes de Euros em 2003; 303 milhoes de Euros em 2007

Investimento na integraçao aos emigrantes: 84 milhoes de Euros em 2003; 134 milhoes de Euros em 2007

Orçamento para o “Plano de Habitaçao” (apoio monetário à aquisiçao de habitaçao): 3380 milhoes de Euros na legislatura PP; 7853 milhoes de Euros na legislatura PSOE

Famílias beneficiadas por ajudas monetárias para aquisiçao de habitaçao: 420 000 na legislatura PP; 720 000 na legislatura PSOE

Renda de aluguer jovem, criada por este Governo: 361000 beneficiados; consiste na oferta, por parte do Estado, de 210 Euros a todos os jovens entre os 22 e os 31 anos, ganhando por debaixo de um determinado tecto salarial, que tenham um contrato de aluguer

Segurança e Justiça

Tribunais exclusivamente dedicados à violência de género contra a mulher: 0 na legislatura PP; 83 na legislatura PSOE

Agentes especializados na violência de género: 505 em 2003; 1648 em 2007

Novos lugares para advogados do Estado e juízes: 512 legislatura PP; 1089 na legislatura PSOE

Democracia e diálogo

Intervençoes do Presidente do Governo no Senado: 0 na legislatura PP; 72 na legislatura PSOE; Zapatero revitalizou o Senado

Reunioes de Presidentes de todas as Regioes Autónomas com o Presidente do Governo; 0 na legislatura PP; 3 na legislatura PSOE

Propostas de lei apresentadas pelo PSOE na oposiçao ao PP, na legislatura de Áznar: 124; propostas de lei apresentadas pelo PP na oposiçao ao PSOE, na legislatura de Zapatero: 24

Educaçao

Orçamento na Educaçao: 1516 milhoes de Euros no orçamento de 2004 (ainda no tempo de Áznar); 2831 milhoes de Euros no orçamento de 2008-03-01

Taxa média de escolarizaçao de menores de 3 anos: 13,5 % no ano lectivo de 2004/2005; 21,5 % no ano lectivo de 2007/2008

Número de bolsistas: 1 270 283 no ano lectivo de 2003/2004; 1 508 973 no ano lectivo de 2007/2008

Bolsas de Inglês (programa para para jovens de 18 aos 30 anos inciado em 2007; 1600 Euros por bolsa, para estudar no estrangeiro a língua inglesa); 0 no Governo PP; 5312 no Governo Zapatero

Investimento na compra de livros para bibliotecas e escolas; 130 000 Euros em 2004; 20 000 000 milhoes de Euros em 2007

50 milhoes de euros no Orçamento de 2007 destinados aos empréstimos, sem juros, do Estado aos estudantes de pós-graduaçao universitária

Investigaçao, desenvolvimento e inovaçao (I+D+i) e desenvolvimento sustentável

Investimento público em I+D+i: 2904 milhoes de Euros no Orçamento de 2004; 7679 no Orçamento de 2008-03-01

Investimento dedicado a combater a poluiçao ambiental: 1,4 milhoes de Euros em 2003; 166,6 milhoes de Euros em 2008 (aumento mais que exponencial)

Potência instalada de energias renováveis, em MW: 8585 em 2003; 14 802 em 2007

Intensidade energética (consumo energético primário / PIB): 191,7 na legislatura PP; 189,81 na legislatura PSOE (primeira reduçao em 20 anos)

Relaçoes internacionais

Orçamento do Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperaçao (equivalente ao português dos Negócios Estrangeiros): 1044, 9 milhoes de Euros em 2004; 3406, 3 milhoes de Euros em 2008 (aumento, em grande parte, devido a ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres)

Abertura de Institutos Cervantes: 4 na legislatura PP; 24 na legislatura Zapatero

Cooperaçao ao Desenvolvimento (ajuda aos países mais pobres): 0,2 % do PIB em 2004; 0,5 % do PIB em 2008

Fotos











sábado, 1 de março de 2008

Breve actualizaçao

Estou, neste momento, na sede geral de campanha do PSOE, onde tudo acontece, tudo é planeado ao milímetro, onde cada passo do líder e dos seus apoiantes é calculado, medido, analisado. Estamos aqui, alguns dos "Jovens Europeus com Zapatero", a fazer telefonemas de campanha, em que dizemos a cidadaos anónimos e aleatórios que dia 9 de Março podem votar e que nao deverao esquecer-se de fazê-lo. Entre ontem e hoje, esta será a unica actualizaçao de blogue que farei - apenas para comunicar-vos que ainda estou vivo e em intensa actividade - já que a Internet do sítio onde estou hospedado está com falhas. Amanha já pedi emprestado um computador portátil e, na primeira tarde dedicada a turismo da nossa estadia, trabalharei, ao invés, no blogue, dando-vos novidades mais abundantes e sólidas do que aquelas que aqui vos trago.

Sei que o vídeo do Zapatero nao está a funcionar neste momento (um dos posts anteriores), corrigirei a situaçao entre hoje e amanha.

Até amanha; agora vou continuar com as 5 horas de telefonemas (2 horas e quinze já foram feitas). Dia 9 de Março, esperemos que o esforço de todos nós dê resultados. Nao para que possamos dizer que o trabalho valeu a pena - vale sempre a pena. Mas sim para que a solidariedade e o rumo à igualdade de oportunidades continuem a vigorar em Espanha.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Zapatero felicita Jovens Socialistas



Na passada terça-feira, saindo de um comício do PSOE e da UGT (Confederaçao Sindical aliada do Partido Socialista), Zapatero felicitou o trabalho dos Jovens Socialistas que participam na campanha.

"O meu cumprimento mais cordial pelos valores que defendem como voluntários em favor da dignidade".

35 motivos do PSOE

Nas nossas acçoes de rua temos estado a distribuir, entre outros, um pequeno caderno, A4 e com 14 páginas, que expoe 100 motivos para votar Zapatero. Seleccionei os 35 que me pareceram mais significativos.

Bem-estar social e emprego
Emprego
- Criaçao de dois milhoes de novos empregos durante os próximos quatro anos, os quais se sumarao aos 3 milhoes que se criaram nesta legislatura;

- Aumento até 3000 do número de inspectores e subinspectores do trabalho;

- Depois de cumprir o compromisso de elevar até 600 Euros o salário mínimo, o mesmo será aumentado até alcançar 800 Euros em 2012;

- Para promover o emprego de qualidade entre os jovens, ocorrerá a aprovaçao de um Estatuto do estagiário nas empresas, que impulsione a sua contrataçao laboral na conclusao dos seus períodos de estágio;

Famílias

- Ampliaçao do serviço de saúde oral, criado nesta legislatura para as crianças de 7 a 8 anos, até aos 15 anos;

- Ampliaçao para 12 anos da idade limite do filho para que o pai ou a mae tenham direito à reduçao da carga horária laboral;

- Prolongamento de 16 a 18 semanas da duraçao da licença de maternidade aquando do nascimento do segundo filho para as famílias monoparentais, e a 20 semanas a partir do terceiro filho;

Pensoes e idosos

- Continuaçao da elevaçao das pensoes mínimas até aos 850 Euros por mês para as pensoes de reforma com cônjuge a cargo, e 700 Euros para as pessoas que vivam sozinhas;

- Para promover o envelhecimento activo, a pensao de reforma será compatibilizada com a realizaçao de actividades profissionais;

Deficientes

- Criaçao, na próxima legislatura, de 200 000 empregos de qualidade para deficientes;

Jovens

- Aumentar o número actual (50000, cuja existência se deve a esta legislatura) de jovens, com menos de 30 anos, que recebem uma bolsa de 1600 Euros para ir estudar inglês ao estrangeiro;

- Plano Estatal, em colaboraçao com Autarquias e Regioes Autónomas, para melhorar o transporte público nocturno e em fins de semana;

Habitaçao

- Grande "Pacto pela Habitaçao", celebrado com Autarquias, Regioes Autónomas e Agentes do sector, para que haja1 500 000 novos fogos "protegidos" nos próximos 10 anos (criaçao feita ou impulsionada pelo Estado; baixo preço de compra ou de aluguer)

Fiscalidade

- Isençao de heranças inferiores a 60000 Euros

Inovaçao, conhecimento e progresso sustentável

Inovaçao e competitividade

- Voltar a duplicar, como foi feito nesta legislatura, a inversao do Estado em I+D+i (Investigaçao, Desenvolvimento e Inovaçao);

- Oferta de subsídios TIC (Tecnologias de Informaçao e Comunicaçao) às pequenas e médias empresas, para que possam financiar parte do custo do seu investimento em novas tecnologias;

- Unificaçao, numa única plataforma electrónica, de todos os processos administrativos relativos à criaçao de uma empresa, com o objectivo de que a mesma possa ocorrer em 24 horas;

- Reduçao em 25 % dos gastos burocráticos - relacionados com o Estado - das empresas;

Conhecimento

- Colocar o sistema universitário entre os dez melhores do mundo;

- Auxílio económico ao estudo, para 50 % dos estudantes do ensino secundário;

- Atribuiçao de bolsas para que os jovens com menos de 24 anos que estejam a trabalhar e nao tenham o ensino obrigatório possam completar a sua formaçao;

- Criaçao de um fundo específico para o desenvolviemento de planos especiais de actuaçao nas zonas com maior índice de fracasso escolar;

- Reforço das quantias das bolsas Erasmus

Infraestruturas

- Tornar a Espanha o país, em 2010, com mais quilómetros de TGV do mundo e com mais quilómetros de autoestrada da Europa;

- Ajuda a 500 000 famílias para que possam levar a cabo a reabilitaçao energética integral de edifícios, com a utilizaçao de energias renováveis;

- Substituiçao gradual da energia nuclear por energias mais seguras e mais limpas;

- Aumentar a rede de caminhos ecológicos até 16 000 km, para valorizar o património natural e cultural do meio rural e favorecer um modelo de turismo saudável

Liberdade, Convivência e Direitos Humanos

Democracia e Participaçao

- Promoçao da criaçao de uma comissao de arbitragem que se encarregue de regular e coordenar os acordos e a emissao dos debates eleitorais televisivos. A necessidade desta situaçao decorre do que explicarei seguidamente. O último debate televisivo anterior ao que pode ser visionado neste blogue foi há 15 anos, quando o PSOE de Felipe Gonzaléz perdeu as eleiçoes contra o PP de José Maria Aznar, dando origem a um longo período em que os detentores do poder rejeitaram sempre discutir ideias sob o olhar livre dos cidadaos. Quando esses mesmos detentores do poder passaram à oposiçao, com a vitória de Zapatero, tornaram-se interessadíssimos em ter um debate. E o actual Presidente do Governo Espanhol, em vez de lhes fazer o mesmo que lhe tinham feito, aceitou, de acordo com os seus princípios democráticos, debater. Ora, uma situaçao de uma década e meia sem debate entre os candidatos é uma situaçao que, a bem de democracia, nao se poderá repetir.

Segurança e Justiça

- Estrangeiros condenados por um delito de violência de género serao expulsos do território espanhol depois de cumprir a sua pena, nao podendo regressar durante dez anos.

Direitos dos cidadaos

- Aprovaçao de uma lei integral de igualdade de tratamento e contra a discriminaçao laboral por motivo de religiao, convicçoes, deficiência, idade e orientaçao sexual;

- Aprovaçao de lei que garantize o direito dos cidadaos a aceder a informacao e documentaçao oficial que nao esteja sob segredo ou protecçao.

Política exterior

- Depois de ter recuperado o papel de Espanha na UE, trabalhar-se-á no sentido de transformar a mesma numa verdadeira uniao política e social;

- Nesta legislatura aumentou-se de 0,23 % para 0,5 % do PIB a ajuda ao desenvolvimento. Na próxima legislatura, o aumento da ajuda aos países menos desenvolvidos continuará, subindo o valor até 0,7 %, como marcam os Objectivos do Milénio;

- Consolidaçao de uma política de imigraçao baseada na canalizaçao ordenada dos fluxos em funçao das necessidades do mercado laboral, na luta contra a imigraçao ilegal e na integraçao dos imigrantes, garantizando o respeito pelos princípios e direitos constitucionais de todos.

- Impulsao de uma política comum integral de imigraçao na UE e proposta de criaçao de uma Polícia Comum de Fronteiras.




quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

"El País" de ontem


Diz-nos Soledad Gallego-Díaz que Rajoy nao conseguiu perturbar minimamente Zapatero mas também nao saiu derrotado claramente.

As quatro sondagens referidas no diário dao vitória apertada, no debate, a Zapatero.

É pertinente mencionar parte de uma análise de conteúdo quantitativa do debate, feita por este periódico: Zapatero disse 22 vezes a palavra "educaçao", enquanto Rajoy pronunciou-a 11 vezes; Rajoy usou a palavra "mentir" 9 vezes, Zapatero 4; Rajoy utilizou a palavra "Espanha" ou "espanhóis" 47 vezes, e Zapatero 26; o candidato do PSOE proferiu a palavra "crescimento económico 10 vezes enquanto o do PP fê-lo apenas uma vez; Zapatero mencionou a sigla "I + D + I" (investigaçao, desenvolvimento e inovaçao - cientificos-) 13 vezes, e Rajoy 1 vez.


O debate - imigraçao

Sou filho de imigrantes. O meu pai e a minha mae fugiram da ditadura militar argentina em 1976, encontrando em Portugal a recém-nascida liberdade. Nesse sentido, sinto-me filho de Abril. Os meus pais encontraram num Portugal Livre o local para estabelecer família. Se o Estado Novo tivesse durado mais 2 anos, eu nao seria quem sou, nao seria Português. Sou filho de Lidia Elsa David de Erlich Oliva e de Alejandro Erlich Oliva. Mas na minha genealogia entra também, com toda a sua magia, o 25 de Abril de 1974.

Foi com prazer que uma vez frequentei um ginásio em que um português filho de argentinos, a meio de uma tarde, assistiu a uma conversa amena entre o brasileiro dono do estabelecimento, um atleta ucraniano e outro africano. Foi com prazer que vi o meu pai, mantendo os seus costumes argentinos, escrever semanalmente n' "A Capital" um artigo totalmente dedicado à música clássica portuguesa, ou fundar o mais antigo e galardoado conjunto de música de câmara português, sem nunca ter perdido o seu sotaque castelhano. É com prazer que vejo como mais que provável futuro presidente dos EUA um filho de pai queniano, cuja avó vive ainda numa cabana tribal, rudimentar. A imigraçao ilegal deve ser combatida nas suas raízes, como fez Zapatero ao aumentar exponencialmente a ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres, porque nao favorece ninguém, a nao ser os patroes exploradores. Como tal, o número de imigrantes ilegais é sempre revestido, correctamente, de negatividade. Porém, Rajoy, no debate, criticou o aumento do número de imigrantes legais. Que pensarao essas pessoas? que trabalham, pagam impostos, têm filhos?, que fogem de dramas, perante os quais os países desenvolvidos costumam fechar os olhos e recolher os braços, na procura instintiva de uma vida digna?, que pensaria o meu avô que fugiu do totalitarismo soviético para a Argentina, à procura de fazer música livre - a sua arte - e nao uma guerra de causas distorcidas?, que pensariam eles, pessoas que Rajoy julga nao pelo seu mérito mas por algo tao aleatório como o local de nascimento?

Rajoy identifica como causa do seu pensamento xenófobo aquilo que na realidade é uma consequência do mesmo. 34 % dos reclusos das prisoes espanholas sao estrangeiros. Entao, segundo o PP, isso significa que os imigrantes sao naturalmente cruéis, que têm o objectivo de disseminar o mal em Espanha e que, quais agentes do Diabo, devem ver a sua entrada altamente condicionada. Ora, o valor percentual acima referido é, na realidade, a consequência da materializaçao do pensamento de Rajoy durante os anos de Governo PP, e nao a sua causa. Se, uma vez que entram, o Governo do país receptor isola, segrega e difama os imigrantes, é natural que ocorra uma criminalizaçao parcial dos mesmos. Chelas nao é perigosa por morarem lá imigrantes e suas descendências - é perigosa por ser um sítio de habitaçao quase desumana; se colocássemos os imigrantes empobrecidos a morar, com altos rendimentos, em Cascais, e a alta sociedade dessa localidade a viver com o salário mínimo, em Chelas, concerteza começaríamos a ver, em poucos anos, mais luso-africanos no Parlamento e a mesma perigosidade nesse bairro social, mas desta vez exercida apenas por portugueses de longas geraçoes e apelidos pomposos. Neste sentido, fiquemo-nos com um número: o Governo PP gastou zero Euros na integraçao de imigrantes. O Governo de Zapatero gastou duzentos milhoes de Euros, aplicados na integraçao, na justiça, na liberdade de cada um ter oportunidade de perseguir o seu sonho.

Nas linhas gerais do "contrato de integraçao" que Rajoy propôs, a celebrar entre os imigrantes e o Governo espanhol, há uma proposta de que o imigrante se comprometa "a respeitar os costumes espanhóis". Qual a fronteira entre o respeito e o desrespeito, e quais teriam sido as consequências se esta proposta fosse aplicada noutros lugares, noutros tempos? Apliquemos ao senso comum valorativo a afirmaçao de Max Weber de que para compreender a acçao social, é necessário "pôr-se no lugar dos outros". O emigrante português ouvir fado no estrangeiro - teria sido desrespeito? Que os jovens luso-africanos oiçam kizomba - será desrespeito? Nao festejar o Natal, falar em crioulo, nao comer por causa do Ramadao - será desrespeito? E, aliás, o que sao "os costumes espanhóis", ou os costumes de qualquer outra sociedade pós-industrial? - o que têm em comum os hábitos de um "português genuíno" de 30 anos morador em Lisboa e os hábitos de um "português genuíno" idoso e residente em Trás-os-Montes? E, assumindo a duvidosa existência uniforme desses hábitos "nacionais", porque é que o comprometimento de respeito é apenas dos imigrantes em relaçao aos costumes dos espanhóis, e nao dos espanhóis aos costumes dos imigrantes?

Lembro-me vagamente de ver, nao sei se numa publicidade, ao vivo, num filme - a memória é imprecisa, mas as imagens que cria perduram - um criança de dois ou três anos a abraçar um globo terrestre, mais ou menos do seu tamanho, com as duas maos em lugares opostos do mundo e um sorriso nos lábios. O sentido da solidariedade, da integraçao, da partilha da essência da condiçao humana, sao simples e totais como esse abraço. Pena que alguns, em vez da unidade na diversidade, continuem a apregoar crispaçao da xenofobia.






Análise do debate - economia

(Aviso prévio: o teclado onde escrevo nao possui til, daí a sua ausência).

O conteúdo das declaraçoes de Rajoy passou fundamentalmente pelas críticas nos seguintes domínios: 10 % de défice da balança comercial de Espanha, valor por ele considerado alto; inflaçao específica de produtos de primeira necessidade; aumento da inflacao, durante os 4 anos de Zapatero, superior ao aumento do salário mínimo; valores absolutos do número de desempregados; aumento de 15 para 40 %, na percentagem de espanhóis, em sondagem, que vê negativamente a economia do seu país; crescimento económico e do emprego que se fez sentir foi herança do PP; Zapatero nao se deve esconder por detrás de dados macroeconómicos ou do debate anterior entre Solbes e Pizarro (respectivamente, Ministro da Economia e candidato ao mesmo lugar, e candidato equivalente do PP, tendo sido consensual a derrota do último); Solbes, também ministro no anterior Governo socialista que teve término em 1996, deixou o desemprego em 22 % tendo o PP conseguido reduzi-lo para 11,5 %.

Ora, na Economia, Rajoy apenas criticou o Governo do PSOE, nao apresentando NENHUMA proposta alternativa. Referiu a existência do programa económico do PP, apresentado em 2006, mas nao referiu NENHUM conteúdo do mesmo. Aliás, a falta de alternativa do PP está bem patente no facto, apresentado por Zapatero, de Rajoy, nos três debates do Estado da Nacao, ter dedicado a esta área apenas uma média de 3 minutos dos seus longos discursos.

Dedicar-se apenas à crítica e nao à apresentaçao de ideias, apenas ao "bota abaixo" e nao a construçao de uma alternativa, até nao seria tao negativo se, ao menos, as críticas fossem pertinentes. Mas, ao invés, a sua maioria foi perfeitamente rebatida por Zapatero.

O crescimento económico e a criacao de emprego foram maiores que os oito grandes países industrializados; a taxa de desemprego é a menor da história da democracia (abordar esta questao em termos absolutos, e nao relativos, é um erro obvio e propositado de Rajoy, com o objectivo do puro populismo, na atitude mais descarada de enganar os eleitores); o índice de inflaçao do última legislatura do PP foi de 3,4, considerada um sucesso por Rajoy naquela altura, sendo a do Governo Zapatero 3,2, considerada por Rajoy uma catástrofe, sendo, ainda para mais, o preço de petróleo e dos cereais três vezes superior, actualmente, ao que se fazia sentir na época de Áznar - este facto deita por terra o catastrofismo inflacionista em que Rajoy insistiu.

Para além de nao apresentar uma alternativa e da maioria das críticas de Rajoy ter saído derrotada, o candidato envolveu-se ainda em duas contradiçoes: 1) Disse que Zapatero nao devia "esconder-se" por trás de dados macroeconómicos, mas de seguida o próprio Rajoy mostrou a falsidade dessa afirmaçao - discutir este assunto sem recorrer a dados macroeconómicos é impossível - ao recorrer a inúmeros dados de macroeconomia; 2) Disse que o crescimento do emprego que se fez sentir foi herança do PP, mas também disse que havia destruiçao de emprego - em que ficamos, Rajoy? Há uma situacao boa, herança do PP, ou uma situacao negativa? Num subtil ataque de esquizofrenia, ambas as hipóteses foram defendidas pelo candidato. E ambas sao erradas: o facto é que a taxa de desemprego era de 11,5 % quando Zapatero iniciou funçoes, e agora é de 8,5, o valor mais baixo da democracia espanhola.

A falta de legitimidade de Rajoy resume-se ao seguinte: quando Zapatero começou o seu mandato, Rajoy exigiu ao Governo um crescimento económico de 3 % e a criaçao de 2 milhoes de empregos. Zapatero, em quatro anos, registou um crescimento económico de 3,7 % e criou 3 milhoes de empregos (metade para mulheres); o PP critica o Governo do PSOE, mesmo quando este ultrapassou as suas exigências.

Já nao pedimos a Rajoy que respeite Zapatero, pois a sua enorme crispaçao fez nos desistir da concretizaçao de tal vontade. Pedimos, apenas, que tenha um mínimo de auto-estima e respeite a sua própria palavra. Ou que, à sua esquizofrenia, nao se venha juntar a amnésia.


terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Chegada


Após 10 horas de viagem num comboio, com estudo diário para a faculdade feito, 3 cafés tomados e apenas uma hora de sono num banco pouco confortável, eis que chego a Madrid. Partirei daqui a meia hora para junto dos outros voluntários, noutro ponto da cidade. Nestes momentos que ainda tenho antes de tal acontecer, aproveito para ler o diário "El País", do qual faço uma breve selecçao de notícias/opinioes, aqui, no ciber-café que encontrei:

O colunista Andrés Ortega conta-nos que foi dito, num recente seminário organizado em Londres, que Zapatero é visto, pelo mundo fora, como um "Obama espanhol". Afirma ainda que, num tempo de crise da social-democracia na Europa, a grande esperança da mesma é a vitória de Zapatero nestas eleiçoes. "Se ganha, e o socialismo espanhol desenvolve um pensamento próprio - dupla condiçao -, Zapatero tem a ocasiao única de se tornar na referência da social-democracia na Europa."

A economia passou para segundo plano no discurso de Rajoy depois da derrota do seu candidato a ministro da economia num debate com o seu análogo do PSOE. Fruto dessa derrota, esse candidato a ministro de Rajoy - Manuel Pizarro -, ontem, em vez de discursar " a sós" em Madrid - zona pela qual é candidato - foi discursar com Rajoy para Burgos, cidade na qual, segundo o El País, "nao faz nenhum sentido" a sua presença.

Esperanza Aguirre, elemento do PP, diz sobre Zapatero: "é o líder mais extremista da Europa. Diz que nós somos a extrema direita. Será que olhou para si mesmo? Rajoy está com Sarkozy e Merkel, ele nao tem nenhum interlocutor." No vocabulário do PP, ser progressista e anti-discriminatório é ser extremista, obrigar os imigrantes a aprender costumes espanhóis para poderem ficar no País (proposta do PP) deve ser sinónimo de moderaçao, e o facto de Sócrates, recente Presidente da UE, ter considerado Zapatero o seu "melhor amigo político" nao deve contar para nada.

ATENÇAO: O debate de hoje, que "marcará fortemente o resto da campanha", será às 21:00h (hora portuguesa), e poderá ser visto na Internet, através do site do PSOE.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

O início


Antes de mais, endereço aqui o meu agradecimento, pela oportunidade desta viagem, à Juventude Socialista e ao PSOE.

Vivemos num tempo a que já alguns chamaram "crise das soberanias". Cada vez mais, a política doméstica de um Estado está dependente da sua política internacional e da política global, isto é, da política feita entre ele e outros Estados e da política transestadual, que atravessa fronteiras, mapas, povos.

Enquanto que alguns, tanto no campo da prática como no da teoria, insistem, anacronicamente, em considerar o doméstico, o internacional e o global campos separados, outros, numa visão mais adaptada ao fulgor do tempo, optam por uma visão que os interliga indissociavelmente, estando assim mais próxima da realidade. Neste campo é importante considerar a frase de Ken Booth de que "o pessoal é o internacional". A política não é só a acção de quem tem Poder, nem tão pouco o internacional é apenas o jogo entre os Estados.

É no sentido do descrito anteriormente que me lanço ao desafio de, sem ninguém conhecido, ir duas semanas fazer campanha para Madrid. Não só porque será uma experiência pessoal enriquecedora. Não só porque ajudará, naquilo que está ao meu alcance, a continuação da melhoria da sociedade espanhola. Mas também porque, num mundo cada vez mais interdependente, ter uma Esquerda moderna em Espanha terá necessariamente consequências em Portugal. E porque, com muitos "Jóvenes Europeos con Zapatero" juntos, conseguiremos materializar a ideia de Obama de que "together, ordinary people can make extraordinary things".